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Desde 2019, que temos a oportunidade de voltar ao Tremor Festival (S.Miguel, Açores) para documentar um projeto especial que junta pessoas surdas e pessoas com audição em palco.
Convidados pela organização do Tremor Festival, cada ano, o coletivo artístico Ondamarela dirige um projeto de inclusão social através da música.
Durante 10 dias, a Associação de Surdos da Ilha de São Miguel, a Escola de Música de Rabo de Peixe e os músicos locais ensaiaram para a apresentação do programa oficial do Festival.
Na Ilha do Pico, a mãe deu à luz uma menina com olhos verdes e cabelo encaracolado que gostava de apanhar fruta das árvores. Numa noite, a menina adoeceu. A mãe sentiu uma grande dor, uma grande tristeza. Ela olhou para a menina e chorou. A mãe aceitou-me. Fomos numa longa viagem de barco onde haviam outras crianças surdas de outras ilhas. À minha volta, vi muita mímica. Chamaram-me, continuamos com os gestos mas depois batiam-nos nas mãos. Tínhamos de falar. A mímica era proibida. Começámos a fazer em segredo. Eu lutei! Viajei para outro mundo! Encontrei a Língua Gestual Portuguesa, a minha língua, encontrei a minha identidade, a minha cultura e regressei à ilha de São Miguel. Conheci pessoas e amigos surdos, ensinei Língua Gestual Portuguesa, juntos fundámos a ASISM. Depois, o grupo de surdos foi convidado a participar num festival de música. Havia bateria, piano... No início não gostei, hesitei com toda aquela vibração. Mas em dois anos o grupo cresceu. Voltámos para o terceiro ano e neste quarto ano temos mais jovens e um coro.
— Ema Gonçalves, Presidente da Associação de Surdos da Ilha de São Miguel
foto by Alvaro Campos
Tremor é uma oportunidade de celebrar a música e trazer novos sons e inspiração às pessoas. Através deste projeto em particular, e com a colaboração da Ondamarela e da Fundação Galp, Through this project in particular, and the collaboration of Ondamarela and Galp Foundation, o leque de pessoas abrangidas pelo som tornou-se muito mais vasto, ultrapassando as barreiras ou limitações físicas. Tanto os surdos como as pessoas que ouvem puderam experimentar a música em conjunto, através da vibração, do som e de uma experiência partilhada.
Ao longo dos anos, quebram-se barreiras e formam-se artistas. O festival Tremor, o coletivo Ondamarela e as pessoas que fizeram parte desta iniciativa provaram que a música é um lugar para todos.
photos by José Guilherme Marques
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A música prospera e fortalece o pensamento de união, ao mesmo tempo que proporciona um lugar para encontrar uma ligação dentro de si mesmo ou com os outros. Com uma história de acesso ao backstage de festivais de música, muitas foram as ocasiões em que filmamos momentos únicos com artistas que admiramos. A música trouxe ao Canal180 inúmeras possibilidades.
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